Os tempos são de mudança

Baker Street Tests
3 min readMar 18, 2023

Queria dar meu pitaco sobre algumas das ânsias atuais, e para isso, começo esse artigo citando um importante ganhador do prêmio Nobel de literatura: Bob Dylan.

“Reúnam-se, pessoas
Onde quer que estejam
E admitam que as águas ao seu redor subiram
E aceitem que logo estarão encharcadas até os ossos
Se para vocês, seu tempo ainda tem valor
Então é melhor que comecem a nadar ou afundarão como uma pedra
Porque os tempos, eles estão mudando”

Os tempos estão mudando, e não é de hoje. Os tempos estão mudando e não é desde 1964 quando Bob Dylan escreveu essa musica, e nem desde 1914 quando a energia elétrica assustava os personagens de Downton Abbey.

Os tempos estão mudando desde que os tempos são tempos. Os tempos não só estão mudando como SÃO a mudança. Sempre serão.

Sempre serão e é importante que nos acostumemos com isso.

Há no fundo do coração de todos nós uma expectativa de calmaria. Uma expectativa de um navio que chega ao porto depois de navegar por um mar tempestuoso. De uma fabula que depois de um grande drama todos vivem felizes para sempre.

Há a expectativa de que depois de formado será mais tranquilo, ou depois de arranjar aquele emprego, ou depois de se casar, ou quando os filhos forem para a faculdade.

Talvez a única calmaria que exista seja em aceitar que não há calmaria, como diria Bob Dylan: aceitar que está encharcado e aprender a nadar pra não afundar sob o peso da mudança.

Digo isso agora, e digo isso aqui porque vejo frequentemente discussões sobre o Chat GPT, sobre a inteligência artificial, sobre a morte do ágil, sobre crypto e coisas do tipo. As coisas vão mudar, as coisas sempre vão mudar, e se não fossem por esses debates seriam por outros: quando o rádio chegou os jornais enlouqueceram, quando a televisão chegou as rádios enlouqueceram, quando o streaming chegou a televisão enlouqueceu. Santos Dummont se arrependeu de ter inventado o avião após a primeira guerra mundial, mas apesar dos terrores, a mudança era inevitável, se não fosse ele teria sido outro, porque outros buscavam essa resposta nessa mesma época.

Tem um ótimo vídeo por exemplo, que é uma tentativa de entender a internet, e quão bizarro parecia ser ter internet há alguns anos atrás:

As mudanças naturalmente assustam, porque o desconhecido assusta. E quando Bob fala em aprender a nadar, o que eu entendo é sobre aprender sobre esse desconhecido, pra que ele deixe de ser desconhecido, e quanto mais rápido a gente aprender, menos a gente sofre de ansiedade por esse desconhecimento.

Eu não tive um smartphone antes dos meus vinte e um anos, eu não tive sequer um celular antes dos meus 19. E hoje, é inconcebível minha vida sem esse aparelho, se saio na rua sem, me sinto um Azteca desbravando as matas fugindo de um jaguar. No inicio da minha carreira em TI, Tortoise SVN era o que havia de mais novo para versionamento de sistemas, hoje o Git é a bola da vez e a galera mais nova sequer faz ideia do que foi o SVN.

Se o Chat GPT assusta, que aprendamos a usar o Chat GPT pra que ele deixe de ser um monstro, se a mudança da cultura ágil está acontecendo, que aprendamos as diferenças. Isso não é fácil, é claro que não, é frustrante ter que realinhar os eixos, mas eu penso que, não é algo sobre o que a gente tem controle. E não tendo controle há duas alternativas: sofrer se adaptando, ou sofrer sem se adaptar e afundar como uma pedra.

Se adaptar e aprender não vai fazer com que as mudanças deixem de acontecer, mas definitivamente vai deixar a gente mais preparado para essa mudança.

Porque uma coisa é certa, não importa qual foi a mudança, se foi a revolução industrial, as máquinas a vapor, a vitrola, a internet, o uber ou a AirFryer (obrigado por sua existência inclusive), a vida continua, e a humanidade da um jeito de se adaptar.

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