Aprendendo sobre feedback com Clean Code

Baker Street Tests
3 min readMay 11, 2023

Em 2008, Robert C. Martin lançou seu famoso livro “Clean Code”, dando sugestões de como pensar a arquitetura de um código, de como fazer com que ele seja melhor compreendido, facilitando a manutenção dentre outras coisas. Uma coisa extremamente interessante que aparece nesse livro é o seguinte:

Geralmente há uma grande correlação entre um código mal escrito e um código cheio de comentários. Esse é o sinal mais claro de existir um código fonte bagunçado.

O objetivo de todo programador deveria ser escrever códigos tão limpos e expressivos, que comentários de códigos se tornem desnecessários.

Atualmente tenho pensado muito sobre como as organizações se comportam, como as pessoas dentro das corporações se comportam e porque as coisas são como são. Difícil dizer até que ponto o meu interesse por isso me fez estudar sobre Management 3.0, CNV e correlatos, e até que ponto o estudo de tudo fomentou esses meus pensamentos. Porque uma coisa definitivamente alimenta a outra.

E uma coisa que tenho prestado muita atenção é sobre feedbacks, e dentre a infinita gama de feedbacks possíveis no mundo corporativo um tem se destacado muito nas discussões que acompanho no LinkedIn e grupos em que faço parte: O feedback depois de uma entrevista.

Vi aqui e ali muitas reclamações dessas épocas de demissões em massa e crise, muita gente que dizia sobre processos de contratação pouco humanizados e nenhum feedback, ou quando havia, feedbacks muito ruins por parte dos times de RH. Concordei com vários posts que eu vi sobre isso até que me lembrei de uma entrevista pela qual eu passei certa vez.

Nessa entrevista, ficou, ao decorrer dela, muitíssimo claro o que era esperado de mim, o que era esperado das minhas respostas e porque essas perguntas eram feitas. Eu sabia, ao final dela, de que não passaria. E estava tudo bem, foi um processo muito tranquilo e transparente onde percebi que eu não tinha o conhecimento ideal e desejado para aquela vaga, para aquela circunstância.

O feedback que veio depois, confirmando isso, não gerou surpresas. Além de tudo, sai sabendo o que eu deveria aprender caso fosse do meu interesse participar do processo seletivo daquela empresa novamente. Todo mundo feliz, sem ressentimentos.

Acredito que seja essa então, a intersecção que imagino entre feedbacks e o clean code:

Tanto no dia a dia em uma empresa, quanto num processo seletivo ou até mesmo na vida pessoal, em um relacionamento ou o que for, me parece que, se há a necessidade de feedbacks constantes é porque não há transparência suficiente nas relações, nas expectativas, nos desejos e assim por diante. É claro que feedbacks eventuais são sempre bons, sim, é importante reforçar que a mensagem que está sendo recebida é a mensagem que está se querendo passar.

Mas se há necessidade de feedbacks explícitos e sem eles as pessoas se sentem perdidas, sem saber se estão caminhando na direção esperada, o que esperam ou não delas, se esta atendendo essas expectativas, da mesma maneira que um código confuso e complicado acaba exigindo muitos comentários justificando e explicando o que acontece então podemos observar um sintoma: Não só há de se ter cuidado com a frequência e com o conteúdo desse feedback, mas há de se cuidar desse alerta vermelho, de um processo, de uma rotina pouquíssimo transparente e assertiva. De uma entrevista pouquíssimo transparente e assertiva. Assim por diante.

Devemos cuidar e tentar tratar nosso entorno, cuidarmos de nossos processos, da nossa comunicação e da nossa transparência.

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