A postagem de Schrödinger

Baker Street Tests
4 min readApr 14, 2023

A postagem de hoje é e não é sobre qualidade.

A postagem de hoje é e não é sobre trabalho.

A postagem de hoje deixo para a interpretação de quem ler, se o ler.

Schrödinger na experiência do gato, fala sobre a incerteza quântica:

De acordo com a visão ortodoxa, há uma incerteza sobre o que acontece com um sistema quântico quando tentamos observá-lo. No momento da observação, o estado quântico de um sistema colapsa aleatoriamente de uma superposição de estados possíveis para algum resultado definido. Oque significaria que a realidade é em si inerentemente incerta.

O mundo não é sobre justiça, não espere justiça do mundo. Ouvi certa vez de um amigo.

A teoria do caos fornece forte motivação para questionar a suposição da incerteza quântica levando a possibilidade de que, afinal, essa incerteza pode ser do mesmo tipo epistemológico da teoria do caos.

Os filósofos chamam incerteza “epistemológica” uma incerteza relacionada à falta de conhecimento.

O que significa, no fim das contas, que o gato não pode estar vivo e morto simultaneamente, o gato está vivo ou morto a gente só não sabe ainda.

O que significa que, no fim das contas, essa postagem tem sim um propósito e fala sim sobre algo em especifico, a única coisa que pode impedir o reconhecimento do assunto é a falta de conhecimento, ou dos pontos que aqui trago, ou por não tê-lo lido.

Talvez o mundo não seja realmente sobre justiça a principio. Mas é a justiça impossível?

A incerteza quântica fala sobre estruturas físicas muito muito pequenas, estruturas subatômicas.

Essa postagem fala sobre estruturas sociais muito muito pequenas, como essa postagem.

Se a teoria do caos desafia a incerteza, ela, contraditoriamente com certeza absoluta também desafia a certeza.

Em 1952, o escritor de ficção científica norte-americano Ray Bradbury publicou o conto “O som do trovão”. Nesse conto, um personagem pisa em uma borboleta e esse pequeno detalhe traz graves consequências — incluindo a chegada de um líder fascista ao poder.

A teoria do caos fala sobre como coisas muito pequenas e aparentemente insignificantes podem ter um impacto gigantesco ao decorrer do tempo.

Pode ser que lendo esse pequeno texto, lhe de vontade de ler meus outros posts sobre qualidade, pode ser que essa e as outras leituras lhe despertem um entendimento sobre qualidade que sequer eu tive a principio ao dizer as coisas que eu digo, pode ser que seu entendimento leve a uma reforma total na área de qualidade da empresa em que você trabalha e isso sirva eventualmente de referência para uma revolução completa da área da qualidade em 5 anos.

Nesse processo, pode ser que nem eu, nem meus posts, nem você seja lembrado ou referenciado, mas isso não muda o fato que tiveram um importante papel em todo esse processo.

Ou pode ser que não aconteça nada.

Até aqui, falamos sobre incertezas. Eu não sei quem é você que lê, eu não sei como você interpreta o que lê e nem o que fará com isso e nem sobre os resultados das suas ações.

Definir as coisas de forma determinística é ignorar a teoria do caos. É ignorar que sim, pequeniníssimas coisas podem ter resultados gigantescos não intencionados. Bons ou ruins.

Eu muitas vezes não acredito em Deus, as vezes esqueço que não acredito e acredito um pouquinho, rezo, espero com muita convicção que eu seja ouvido.

Mas eu sempre acreditei na ciência.

A sociedade é justa?

Justiça, é algo que depende, necessariamente de um viés social, ético e moral. Não é uma característica natural e ontológica. Foi justo que Van Gogh tenha morrido na miséria sem ter conseguido vender suas obras e hoje elas custem milhões de dólares? Foi justo que Tesla tenha morrido depressivo, solitário e na miséria com suas patentes roubadas e hoje tenha seu nome em uma das empresas mais valiosas do mundo como referência a sua inteligência tecnológica? Foi justo que Edward Deming, pai do ágil e da qualidade moderna, tenha sido ignorado por décadas no ocidente para ser verdadeiramente reconhecido somente próximo a sua morte por seu trabalho no oriente?

São justos os processos seletivos? São justos os vestibulares? São justas as relações de trabalho? O reconhecimento?

Não sou eu que vou deixar a resposta, apenas a proposta da reflexão.

Talvez a teoria do caos não seja o Deus que eu queira, mas o Deus que eu tenho.

Não sei se pisar em uma borboleta vai favorecer a eleição de um ditador ou do melhor governante que já existiu, não sei se lutar pelo que eu sou, pelo que acredito e penso vai surtir qualquer efeito. Mas uma coisa eu posso ter certeza, a probabilidade existe.

Talvez acreditar que as coisas não podem mudar seja um peso árduo demais a se carregar, talvez seja um pragmatismo desiludido e enfraquecedor. Em especial se não se gosta ou não se acredita que as coisas como estão são como as coisas deveriam ser. Seja sobre como entendemos a qualidade, seja como entendemos nosso trabalho, seja sobre vivemos nossa vida.

E é por isso que trago a teoria do caos, para nesse momento dar uma esperança de que sim, há algo a ser feito.

Embora os resultados sejam incertos por nossa ignorância em relação as gigantescas quantidades de variáveis, saber que a teoria do caos afeta todas as nossas ações, pode nos dar uma clareza: sem ação nada acontece.

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