A pergunta mais importante: Por quê?

Baker Street Tests
3 min readFeb 4, 2023

Entrei finalmente, depois de tanto ensaiar a ideia, pro Medium. Por quê?

Eu diria que talvez, a principal razão é por conta dessa mesmíssima pergunta, sim, da pergunta e não da resposta que para ela surge.

Na infância, é comum que façamos muitas perguntas, essa mais que qualquer outra: “por quê?”. E sobre isso é comum que os adultos façam chacotas, respondendo aleatoriedades ou ficando bravos com a “irritação” que isso gera, e eu imagino que a razão para isso é um viés cognitivo chamado: “viés adaptativo”.

Nós, seres humanos, somos muito menos racionais do que gostaríamos, ou afirmamos ser. Evolutivamente, para conseguir tomar decisões mais rapidamente, fomos desenvolvidos com esses tais “vieses cognitivos”, que são basicamente artifícios de sobrevivência através de rápidas tomadas de decisão: meditar demais sobre as escolhas poderia nos colocar em risco. As estratégias irracionais do cérebro para essas rápidas tomadas de decisão são chamadas de vieses cognitivos, tão uteis há milhares de anos atrás, agora podem dificultar a nossa vida.

O viés adaptativo, que citei anteriormente, diz respeito a tendência de basear as decisões em informações limitadas, e enviesando-as com base nos custos de estar errado. Ou seja, a tendência de preferir tomar uma decisão infundada do que se sujeitar a ideia de estar errado. Quando pergunta-se “Por quê?”, coloca-se em cheque nossas certezas, nossas escolhas, e isso é no mínimo doloroso. Na dificuldade de refletir sobre a pergunta, muitas vezes fugimos dela.

Parto então para algumas suposições: Uma das maneiras de fugir da pergunta é desencorajar que as façam. Como acontece com as crianças quando fazemos escarnio pela pergunta. No saudoso Castelo Ra-Tim-Bum, havia o Zequinha, o mais novo da turma, era a pessoa que perguntava e a resposta costumava ser: “Porque sim Zequinha”. Nesse momento o Telekid aparecia com o bordão “Porque sim não é resposta”.

Porque sim de fato não é resposta, mas muita gente lida com a vida como se fosse, e não digo nem somente para os outros, mas para si próprio, aceitando o que lhe é imposto.

E foi nessa filosofia de que “porque sim não é resposta” que eu acabei firmando os anos que viriam desde então até hoje. Sempre fui um misto de nerd/curioso tentando desvendar os mistérios do mundo e de mim mesmo. Na escola por exemplo (estudei a vida toda em escola publica) a grade curricular era bem limitada, e me inconformava a ideia de que haviam assuntos que não eram tratados em aula pois não caiam no vestibular. “Pois quem disse que estudo exclusivamente para passar no vestibular, quem definiu essa estrutura? E por quê?”. Os anos foram se passando, e o conceito se mantém firme na minha cabeça, cada vez me parece fazer mais sentido a necessidade de questionar para entender, de questionar para obter os resultados mais assertivos em relação a uma determinada circunstância.

Trabalhando na área da qualidade, falo sobre isso, e aplico o conceito constantemente. O analista de qualidade na área de software é conhecido por QA, que em inglês significa Quality Assurance (Considero esse titulo em inglês extremamente equivocado, mas isso é assunto para outra história). Algumas referências da área de qualidade brincam que QA é um acrônimo para Questions Asker (perguntador), sob aspecto, sinto que achei a profissão correta pra mim.

E falando sobre a área de qualidade, sobre a área da tecnologia de uma forma em geral e por que não, sobre a vida: muita coisa vem sendo aprendida, muita coisa vem sendo inovada e adaptada, muitos conceitos vem sendo quebrados constantemente. Mas ainda assim, muitas verdades absolutas (algumas vezes também ultrapassadas) são vendidas o tempo todo.

É na tentativa de entender alguns “Por quê?”s e por consequência alguns “Como?”s, que pretendo usar o Medium, como um jornal dessa minha investigação infinita.

Infinita, sim, porque tenho consciência que o desconhecido adiante assim também o é.

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